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Valença ganha da Cedae mudas para reflorestamento Doação será destinada a recuperação da Mata Atlântica

Valença ganha da Cedae mudas para reflorestamento Doação será destinada a recuperação da Mata Atlântica

A Cedae realizou na sexta-feira (26/2) a doação de 3,5 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica para ações de plantio nos municípios de Valença, na Região Sul Fluminense, e Petrópolis, na Região Serrana. As mudas serão utilizadas para reflorestamento e implantação de sistemas agroflorestais (forma de cultivo que combina a floresta com áreas plantadas) em pequenas propriedades rurais, garantindo a proteção dos recursos hídricos e gerando renda para os agricultores.

Do total de 3,5 mil mudas, 2,5 mil foram doadas para o Conexão Mata Atlântica, um projeto conjunto dos governos estaduais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Elas serão utilizadas em ações de plantio no corredor sudeste da Mata Atlântica, na bacia do Rio Paraíba do Sul. As demais mudas foram doadas para a Associação dos Produtores Rurais do Bonfim, em Petrópolis. O bairro fica dentro dos limites do Parque Nacional da Serra dos Órgãos e faz parte da Região Hidrográfica do Rio Piabanha. Com esta ação, chega a 26,5 mil o número de mudas distribuídas este ano pela Companhia, por meio do programa Replantando Vida.

Além de Petrópolis e Valença, já foram contemplados em 2021 projetos de reflorestamento nos municípios de Barra Mansa, Barra do Piraí, Cambuci, Laje do Muriaé, Pinheiral, Piraí, Queimados, São José de Ubá e Vassouras. Dentre as espécies doadas, destacamse mudas de juçara, jabuticaba, pitanga, bacupari, bracatinga e jacarandá, entre outras. As plantas foram cultivadas nos sete viveiros florestais da Companhia, que contam com a mão de obra de apenados dos regimes semiaberto, aberto e liberdade condicional. Eles integram o programa Replantando Vida, fruto de convênio firmado entre a CEDAE e a Fundação Santa Cabrini (FSC).

Em 2020, o programa distribuiu mais de 117 mil mudas de 121 espécies nativas da Mata Atlântica, que foram utilizadas em cerca de oitenta projetos de restauração florestal em 34 municípios do Estado do Rio, além de Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Municípios e instituições interessadas em estabelecer parcerias para atividades de reflorestamento podem entrar em contato com a Companhia pelo e-mail replantandovida@ cedae.com.br

UNINDO AGRICULTURA E PRESERVAÇÃO

Produtores de Valença apostam no sistema agroflorestal para aumentar a produtividade e preservar o meio ambiente 

Paulo Henrique Nobre Valença – Nos últimos anos, o município, que sempre teve sua atividade rural fortemente estabelecida na pecuária, viu aumentar o número de produtores agrícolas, que perceberam o grande nicho da produção para abastecer as unidades escolares locais. Outro aspecto que também está mudando no campo é a visão do agricultor, que passa cada dia mais, a entender a natureza como aliada na melhoria de sua produtividade. A partir disso, vários produtores optaram por implementar ações socioambientais e alguns deles, escolheram o sistema agroflorestal como ferramenta de cultivo.

Mas o que é esse sistema e como funciona?

O Jornal Local conversou com produtores familiares e um técnico agrícola, que explicaram tudo sobre os benefícios deste tipo de sistema de cultivo, para a natureza e para o meio rural. John Israel Tavares Perro tem sua propriedade em São Francisco. Ele contou que cultiva banana e outros produtos como inhame, beterraba, abobrinha verde e outros, voltados para a merenda escolar. Há cerca de uns quatro anos, John decidiu, por conta própria, testar o sistema de agrofloresta e separou cerca de um hectare de sua propriedade para o cultivo. Na época, o produtor conta, foi pesquisar na internet e junto a outros produtores como funcionava. “No início, o maior desafio foi a falta de conhecimento. Mas, por fazer parte da cooperativa, onde têm produtores de todos os tipos de cultivo, há sempre muita troca de ideia”, conta John, lembrando que, antes deles, outros produtores já haviam adotado o sistema.

Hoje, o produtor já tem uma segunda área na propriedade utilizando o mesmo sistema. Nos quase dois hectares, John plantou bananeiras – com apoio da Emater-RJ e do Projeto Conexão Mata Atlântica – e outros produtos, de cultivo mais rápido. Segundo ele, a principal vantagem do sistema, na sua percepção, é a redução do esforço e dos gastos, já que grande parte do trabalho é feito pela própria natureza. “O sistema agroflorestal oferece matéria-prima para a produção, menos uso de água, menos adubação. A terra retém mais água e mais nutrientes. O próprio caule da bananeira serve de nutriente”, afirma.

Outra vantagem, segundo John, é a redução de pragas neste sistema. Ele conta que muitos amigos que adotaram o sistema de agrofloresta se espantaram com quanto puderam diminuir o uso de agrotóxicos. Por fim, para John, o sistema é fundamental para continuar garantindo a fartura de água que a propriedade sempre teve em abundância. “A água sempre foi muito produtiva e limpa e a gente dá a contribuição para manter. Na seca, nem sentimos diferença, porque não cai o abastecimento”, afirmou, destacando que as pessoas que quiserem implementar este tipo de sistema, a dica é buscar conhecimento e se dedicar. “Separe uma pequena área e faça a experiência. Quando você começa um sistema agroflorestal, dificilmente você volta para o convencional”. No início Outro produtor que começou recentemente a investir no sistema foi Diego Santana Fonseca, que possui propriedade na estrada Valença-Conservatória, próximo ao Ronco d’Água. Ele decidiu pegar um pomar localizado em sua propriedade, produzido através do modelo convencional, e transformá-lo em agrofloresta. “A gente vai começar como se fosse do zero. Tem 1,8 mil metros quadrados, próximo da casa”, afirmou ele, lembrando que a maior dificuldade agora será o começo, porque era uma área já estabilizada no modelo convencional.

Diego conta que continuará produzindo frutas nessa área, tanto nativas da Mata Atlântica como exóticas. Para ele, o modelo agroflorestal, quando estiver totalmente implementado naquela área, ajudará, entre outras coisas, na recuperação do solo. “É fantástico! Vou criar um solo de floresta ali. O modelo convencional só desgasta os recursos. Na agrofloresta, a gente aumenta os recursos a cada ano”.

Interação positiva entre espécies

O que é?

Gilberto Pereira, coordenador executivo do projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro, explica que, de maneira bem resumida e objetiva, os sistemas agroflorestais são áreas produtivas que trabalham em consórcio com espécies florestais e culturas agrícolas anuais ou perenes, podendo incluir espécies vegetais e animais também. “Esses sistemas buscam a interação positiva entre espécies de maneira a privilegiar processos ecológicos naturais de ciclagem de nutrientes, conservação de solo e água, diversificação de espécies e incremento de biodiversidade ao longo do tempo. A diversificação da produção no espaço (horizontal e vertical) e ao longo do tempo também é uma característica importante desses sistemas onde as espécies utilizadas podem ser inseridas, manejadas, ou substituídas/retiradas do sistema de acordo com a demanda de produtos, condição ambiental do local (fertilidade e luz solar principalmente) e objetivos finais do sistema (que podem ser voltados à restauração ecológica ou não)”, informa. Segundo ele, as culturas inseridas nos sistemas agroflorestais variam principalmente de acordo com o perfil de cada produtor, social e produtivo, assim como com a condição ambiental da área e o tempo de maturidade dos sistemas. “O objetivo final dos sistemas (restauração ecológica ou área de produção agroflorestal) também é um fator determinante na definição de espécies a serem utilizadas”. Em todos os modelos possíveis devem ser utilizadas espécies arbóreas ou arbustivas em consórcio com espécies mais rasteiras e culturas tradicionais. “Nestes arranjos, espécies nativas ou exóticas de valor econômico e de amplo uso no mercado podem compor os sistemas agroflorestais”. Segundo Gilberto, no âmbito do projeto Conexão Mata Atlântica são incentivados dois modelos: o agroflorestal e o silvipastoril, onde se mantém pastagens consorciadas com espécies arbóreas. O técnico ressalta que ambos os sistemas são muito interessantes para Valença. “O perfil produtivo da região de Valença, e do Médio Paraíba em geral, está voltado à pecuária de corte ou leiteira. Somado a isso a condição geográfica, de relevo montanhoso e pluviosidade intensa, associado ao histórico modelo de produção extensivo e sem investimentos em manejo conservacionista das pastagens geraram grandes áreas com tendências claras de degradação e pastagens pouco sustentáveis/rentáveis. Esse perfil predominante certamente privilegia a oportunidade de implantação de sistemas agroflorestais voltados à recuperação dessas grandes áreas de pastagens, ou seja, os sistemas silvipastoris”.

Produtividade

 Segundo Gilberto, é clara a maior diversidade de culturas nos sistemas agroflorestais, sejam eles o modelo que for. Com essa diversificação é esperada uma produção mais diversa, mais constante e menos sazonal. “Ou seja, é possível obter produtos e renda em diversos períodos do ano, o que pode ser muito importante para sustentabilidade econômica e social dos sistemas de produção”. Entretanto, aponta o técnico do Mata Atlântica, uma outra discussão pode ser em relação aos índices de produtividade das culturas inseridas nos sistemas agroflorestais em comparação aos sistemas de manejo tradicionais. “É de se esperar alguma variação desses índices, uma vez que os sistemas agroflorestais são manejados ao longo do tempo visando a melhoria da condição ambiental (oferta de nutrientes e água). Diversas pesquisas têm apontado resultados positivos para índices de produtividade em culturas sob manejo agroflorestal. Outros negativos. Contudo, não se deve buscar somente a visão de valores econômicos aos produtos agroflorestais. O ganho de qualidade e o potencial de ganhos extras (sociais, de saúde e ambientais) devem ser considerados e contabilizados como rendimentos diretos desse tipo de sistema”, afirma. Para Gilberto, os serviços ambientais de clima e biodiversidade, objetivos do projeto Conexão Mata Atlântica, são rendimentos reais já aplicados nesse contexto onde somente aqui na região de Valença a partir de 2018 foram pagos aos produtores participantes R$ 1,4 milhões.

 

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