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Lei da Moda e Polo de Moda íntima alavancam economia em Nova Friburgo

Lei da Moda e Polo de Moda íntima alavancam economia em Nova Friburgo

Polo investe em inovação e responde por mais de 25% da produção nacional

* Matéria publicada no jornal O Globo, em 16 de julho de 2017.

RIO - O polo de confecções de Nova Friburgo é outro exemplo de retomada na indústria fluminense. A cidade da Região Serrana e os arredores geraram 516 postos de trabalho no setor têxtil de janeiro a maio, sendo 81% deles no segmento de moda íntima, segundo cálculos da Firjan com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É uma virada na comparação com o saldo negativo de 289 postos registrada em 2016. De janeiro a maio deste ano, a expansão em vendas é de dois dígitos, dizem os empresários.

No país como um todo, a moda íntima volta este ano ao patamar de produção anterior à crise, aponta pesquisa do IEMI Inteligência de Mercado. A recuperação deve se traduzir em alta de 3,1% na produção, de 5,1% nas exportações e queda de 14,4% nas importações. Para os fabricantes, vem da redução na chegada de peças do exterior, sobretudo da Ásia, o maior impulso. As empresas do polo de Nova Friburgo investiram em inovação, qualidade e diversificação com moda praia e fitness para se diferenciar dos concorrentes asiáticos. Com o câmbio atual, ampliaram participação no mercado.

— Com o freio nas importações de produtos têxteis e de moda íntima, os grandes compradores do segmento voltaram as atenções para o mercado nacional. Isso alavancou a produção em Friburgo, principalmente no setor de private label (produção de peças para outras marcas). As vendas subiram, há empresas contratando — diz Marcelo Porto, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo (SindVest).

Inovação em cuecas

A cidade abriga o principal polo de moda íntima do Brasil, responsável por mais de um quarto da produção do segmento, segundo a Firjan. Tem 1.400 confecções, que respondem por 20 mil postos de trabalho, sendo oito mil deles diretos. A feira do setor realizada anualmente na cidade, a Fevest, que aconteceu no início do mês, deve gerar R$ 54 milhões em negócios.

— As importações reduzidas aqueceram a demanda. Mas há uma inflexão na curva de vendas por demanda do consumidor, que adiou as compras. Em janeiro, as pessoas compraram mais nas liquidações, a economia dá sinais de melhora, houve o resgate das contas inativas do FGTS. As compras são pontuais, mas estão voltando — avalia Marcelo Prado, diretor do IEMI.

A Lucitex, por exemplo, que beira 35 anos em atividade, ampliou vendas, produção e a força de trabalho até junho.

— As vendas subiram 30% de janeiro a junho, contra igual período de 2016, quando tivemos queda por causa da recessão. Mesmo assim, no resultado fechado do ano passado tivemos aumento de 24%. Em 2017, já superamos essa taxa — conta a sócia Nelci Layola Porto, que junto aos três irmãos toca a empresa criada pelos pais.

Quase metade da produção da Lucitex é feita sob encomenda para marcas femininas ou grandes magazines. A empresa tem três fábricas, a principal delas fica em Conselheiro Paulino, Friburgo, com 230 funcionários. No total, são 330, contando 30 contratações este ano.

As confecções têm perfis distintos. A Suspiro Íntimo destina 30% de sua produção para marcas femininas, mas não atende grandes varejistas. A produção do grupo é de 65 mil peças por mês, sendo oito mil delas da Trave, a marca masculina.

— Percebemos a demanda por cuecas e outros itens para homens. É preciso inovar — conta o empresário Carlos Eduardo Lima, sócio da empresa aberta ao lado da irmã 25 anos atrás.

Com 120 funcionários, Lima se prepara para contratar mais 20 a partir de agosto. Ele explica que não vende para as grandes redes de varejo porque isso exige uma operação planejada para produzir em maior escala.

— Estamos crescendo, mas hoje enfrentamos o risco de extinção da Lei da Moda, que pode minar a competitividade do polo de Nova Friburgo. Como concorrer com as confecções de São Paulo que zerou o ICMS para o setor têxtil no último mês de maio? — indaga Lima, presidente da regional da Firjan do Centro-Norte Fluminense.

Criada em 2003, a Lei da Moda beneficia o segmento de confecções com uma redução da alíquota de ICMS de 19% para 2,5%. Para as empresas, incide ainda 1% de contribuição para o Fundo de Combate à Pobreza. A vigência do benefício, que vem sendo renovada, expira em outubro de 2018.

A questão é que, com a assinatura do acordo de recuperação fiscal que o Estado do Rio deve assinar com o governo federal no início de agosto, essa renovação pode não ocorrer. A proposta de socorro fiscal prevê que o Rio adote medidas para sanar as finanças do estado, proibindo a concessão de incentivos tributários a empresas. Assim, é preciso renovar o benefício antes da assinatura do acordo.

O deputado Waldeck Carneiro (PT-RJ), à frente da Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Alerj, afirma que tentará votar a prorrogação da Lei da Moda na primeira semana do mês que vem, na volta do recesso:

— Sem esse incentivo, o setor tende a sofrer uma importantíssima baixa em produtividade, geração de emprego e renda.

Risco de perder mercado

Wanderson Nogueira, sócio e diretor comercial da Jescri, diz que depende do benefício para continuar a crescer e gerar empregos.

— Cerca de 33% da economia de Nova Friburgo são provenientes do setor têxtil. Imagina o comércio, o setor de serviços, o turismo, a gastronomia, se não houver mais emprego? Sem este benefício, microempresas poderão entrar na informalidade e as maiores transferirem a operação para São Paulo — pondera.

Desde a criação do benefício, o número de estabelecimentos na indústria têxtil no estado cresceu 190%, enquanto a arrecadação de ICMS pelo setor subiu 295% entre 2002 e 2015, com a criação de 15 mil postos de trabalho desde 2010, de acordo com a Firjan.

No mercado desde 1993, a Jescri tem 350 funcionários, sendo 50 deles contratados este ano. Marceli Teixeira, de 34 anos, está entre eles:

— Passei nove anos costurando para confecção em casa. Com a crise, as encomendas caíram, e passei a ganhar menos. Meu marido está sem emprego e temos três filhas. Empregada, tenho melhores condições de pagar as despesas da família.

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