Blogs

Você está aqui

Ações de preservação da vida marinha estão no foco de projetos e workshops no Rio de Janeiro

Ações de preservação da vida marinha estão no foco de projetos e workshops no Rio de Janeiro

Amigos, muito se fala da importância de melhorar a balneabilidade das águas fluminenses para garantir a qualidade de vida da população. Mas, acabamos esquecendo que não estamos sozinhos e que esse é um benefício que se estende também para os diversos animais marinhos que habitam as baías e praias do Rio de Janeiro.

Você sabia que as três baías do Estado - Guanabara, Sepetiba e Ilha Grande - são residências fixas dos botos-cinza e que eles estão entre as dez espécies mais ameaçadas de extinção em todo o Rio de Janeiro? Os botos, que emitem sons para se comunicarem, são afetados pela poluição sonora vindas das embarcações e atividades industriais na região das baías: eles se perdem do seu bando e se afastam do território original, acabando muitas vezes presos em redes de pesca. 

Além disso, o descarte incorreto ou falta de recolhimento de resíduos contamina as águas, prejudicando a vida de cetáceos, peixes, e outros seres aquáticos, que ficam presos no lixo e morrem asfixiados com essas substâncias, ou pela falta de oxigênio na água, causada pelo acúmulo de poluição. Todo esse cenário fez com que, nos últimos 30 anos, a população original do boto-cinza nas águas do Rio de Janeiro fosse reduzida em 90%.

Lembro que minha primeira reunião sobre este tema nessa segunda gestão foi em 2015, quando estive com a repórter Joana Dale, do Jornal O Globo, e membros do Maqua para uma matéria publicada na revista.

Na ocasião, soube que um programa financiado pela Petrobras chegaria ao fim e os recursos eram escassos, prejudicando as pesquisas e também os alunos de Oceanografia da UERJ. O Projeto era custeado por meio de uma condicionante imposta à empresa pela instalação, em 2008, do Terminal de Regaseificação de GNL, numa área da Baía de Guanabara muito frequentada pelos botos-cinza.
 
Naquela reunião conversamos sobre a importância dos golfinhos para o nosso estado. Os botos-cinza habitam as Baías de Sepetiba, onde há entre 1mil e 1,2 mil animais, e da Ilha Grande, na Costa Verde, onde encontramos entre 800 e 1 mil espécimes. Na Guanabara, a degradação reduziu a população para no máximo 40 espécimes. Em 2015, foram recolhidas carcaças de 70 botos na Baía de Sepetiba e mais 30 entre as baías de Ilha Grande e Guanabara.
 
O boto-cinza não é a única espécie que frequenta a costa do Rio, mas é uma das mais vulneráveis. Além do seu simbolismo, por estar no brasão da capital do Estado, os botos têm um papel fundamental na preservação do Ecosistema, sobretudo na Baía de Ilha Grande, por serem espécies-chave para o ambiente.
 
Espécies-chave são aquelas que se desaparecerem vão levar ao fim várias outras espécies. Os cetáceos estão no topo da cadeia alimentar daquela região e se alimentam de uma grande variedade de presas, mantendo o equilíbrio natural do local.
 
O boto-nariz-de-garrafa ou golfinho-flíper, por exemplo, habitual frequentador do Arquipélago das Cagarras, na zona sul carioca, área de cria de filhotes, não é avistado ali desde 2011. O golfinho-toninha está a um passo de desaparecer.
 
A chance de mudar esse quadro surgiu este ano com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela Transpetro com o Inea, assinado recentemente no dia 08 de abril, referente ao vazamento de óleo no Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), em Angra dos Reis, ocorrido em março de 2015. O valor total do investimento previsto é de aproximadamente 36,5 milhões. Sendo 13,9 mi para o Plano de Melhorias para a Segurança Ambiental das Atividades do Terminal da Baía de Ilha Grande - fundamental para garantir operações seguras - e 22,6 mi para projetos de interesse ambiental, dos quais 9 mi serão dedicados a preservação e estudo dos mamíferos aquáticos.
  
Todo trabalho de conscientização começa pela educação ambiental 

Partindo desta prerrogativa, em março foi realizado um workshop pelo Inea para discutir ações de preservação do boto-cinza e também da fauna marinha em geral, que é uma das prioridades da minha gestão. No evento, foi criado um grupo de trabalho que irá definir e promover ações direcionadas para a proteção da vida marinha. Quanto a isso, a procuradora da República do Estado, Monique Checker, reforçou a necessidade de intensificar as iniciativas de preservação, entre elas rever os licenciamentos para implantar ações efetivas a favor da sobrevivência dos botos, questão que já está em andamento junto ao Inea.

Hoje podemos afirmar que pela primeira vez na história ambiental do nosso Estado, estamos vivendo uma grande mobilização em torno da preservação da fauna aquática. Com isso, temos no Rio de Janeiro um trabalho memorável de preservação dessa espécie. A Secretaria do Ambiente quer ser parceira de uma iniciativa que se tornou referência no assunto: o Maqua – Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, vinculado à Faculdade de Oceanografia da Uerj.

O retrato da vida marinha no Estado

O Maqua realiza ações e pesquisas com mamíferos marinhos, principalmente cetáceos (golfinhos e baleias), nas três baías do Estado: Guanabara, Sepetiba e Ilha Grande. O trabalho envolve pesquisadores, profissionais em Biologia e Química, estudantes e voluntários que vêm desenvolvendo iniciativas pioneiras no Brasil.

Responsável pelo Maqua, José Lailson, nos explicou como funciona o acompanhamento do fluxo migratório e sobrevivência dos botos-cinza na região costeira fluminense. 

“Através do trabalho de fotoidentificação, reconhecemos individualmente todos os botos e conseguimos saber onde eles estão localizados, quais são as fêmeas e seus filhotes. Esse acompanhamento é muito importante para as ações de conservação, pois temos como saber quantos botos existem e identificar os reais impactos sofridos por essa espécie.”

Esta ação torna possível acompanhar toda a vida desses animais. O biólogo Leonardo Flach, à frente do Instituto Boto-Cinza, nos contou que um dos botos, a Lili, continua sendo monitorada desde 1997, quando se iniciaram as pesquisas na Baía de Sepetiba.

“O boto-cinza é uma boa espécie bioindicadora e nos dá uma visão do ecossistema marinho para podermos avaliar o nível de contaminação da água e do estoque pesqueiro. Em 2005, passamos a fazer um trabalho sistemático de coleta e saída de campo para recolher as carcaças de animais e avaliar a mortalidade na Baía.”

Por ter um “supercérebro”, o boto-cinza consegue reconhecer onde estão ameaças a sua sobrevivência e se adaptar aos ambientes impactados, como é o caso da Baía de Guanabara. Estas espécies se concentram, atualmente, na parte menos impactada pela poluição, e assim se mantêm protegidas.

Tanto o Maqua quanto o Instituto Boto-Cinza atuam também com iniciativas que visam solucionar os principais conflitos que hoje acontecem na região costeira do Estado: a compatibilização entre os interesses das comunidades locais e a preservação do meio ambiente. 

“Estamos atuando junto aos parceiros da Secretaria do Ambiente e Inea na luta pela conservação da vida marinha, mantendo as pesquisas e ações junto às comunidades pesqueiras e protegendo os animais marinhos. Esse é um momento que nunca tivemos, em que grandes parceiros se unem para solucionar o problema de preservação dos botos e demais animais ameaçados. Acredito no diálogo e na importância de buscar a conciliação. Esse é um ganho para a biodiversidade marinha”, nos disse Lailson.

Uma tendência mapeada pelo Maqua nos últimos meses, por exemplo, é o retorno dos botos à Baía de Guanabara. Isso indica que nosso trabalho está no caminho certo. Além do boto, há também espécies de cetáceos que também já estão sendo vistas no local, em busca de alimento e ambiente para se reproduzirem.

Os especialistas do Maqua fazem ainda um trabalho de primeiros-socorros e reabilitação dos animais que encalham nas praias. Você também pode contribuir, avisando quando encontrá-los, mesmo que estejam sem vida, para que os agentes façam a remoção adequada.

Fale com o Maqua: 

De segunda a sexta: (21) 2334-0065 / 2334-0795
Finais de semana e feriados: (21) 99637-8347 / 99742-4993 / 99554-6343 / Nextel 123*63128.

Menos lixo flutuando nas águas do Rio de Janeiro

Entre as medidas que tomamos nos últimos meses para contornar a poluição da águas fluminenses, citamos o sistema de contenção de lixo flutuante, por meio da instalação de ecobarreiras e ecobarcos na Baía de Guanabara. Já foram recolhidas mais de 270 toneladas de resíduos descartados diretamente nas águas da Baía e também em rios e canais

Realizamos ainda uma megaoperação durante os oito dias do evento-teste de Vela para as Olimpíadas, em que 10 ecobarcos e a dedicação de 85 colaboradores do Inea foram responsáveis por remover cerca de 40 toneladas de lixo da Baía de Guanabara. Todo o resíduo foi disposto em ecopontos, onde os catadores separaram os itens recicláveis, gerando assim renda para as cooperativas.

Nossa expectativa é intensificar ainda mais esse trabalho para garantir a balneabilidade adequada das águas do nosso Estado e preservar a vida dos animais que dependem delas para sobreviver.

Dicas para contribuir com a preservação dos mares

A praia é praticamente o quintal de casa de quem mora no Rio de Janeiro e é frequentada tanto para dar um mergulho ou apenas bater um papo com os amigos, por isso precisamos fazer o uso consciente desse espaço.

A maior parte do lixo marítimo é formada por sacolas plásticas, garrafas, tampinhas, embalagens de plástico e isopor. Esses itens muitas vezes são jogados diretamente nas águas pelos banhistas, mas também deixados na areia das praias e no entorno, sendo levados para o mar pelo vento, chuvas, e marés.

Abaixo, estão algumas dicas importantes para lembrarmos do descarte correto do lixo na hora de ir à praia:

  • Junto com o protetor solar, a canga ou a bolsa térmica, lembre de levar também uma sacola para colocar seu lixo;
  • Quando estiver na praia, deixe sempre o lixo separado junto à sua barraca, para ficar mais fácil de juntá-lo e jogar na lixeira;
  • Ao sair da praia, relembre o que você levou e consumiu e confira se recolheu todos os itens. Assim você não esquece nenhum pertence na praia e nem o seu lixo;
  • Não jogue lixo nos vasos sanitários de quiosques, descarte-os na lixeira;
  • Se for para pescar, limite a quantidade de peixes capturados, mantendo apenas o que você pode comer. Além disso, use anzóis sem farpa e descarte os materiais de pesca nos locais adequados.
  • Fale sobre o descarte correto do lixo com os seus filhos, assim eles crescem tendo estas práticas, como hábito.

Além de representar uma ameaça aos animais e degradar o meio ambiente, a poluição marinha também prejudica a pesca e o fluxo de embarcações na região, danificando equipamentos e impactando diretamente a economia local. E ainda pode apresentar riscos à nossa vida! Fragmentos de plástico, por exemplo, podem acabar nos nossos alimentos, uma vez que são ingeridos por peixes e moluscos.

Devemos lembrar sempre que somos responsáveis pelo lixo que produzimos e não podemos punir o planeta pelas nossas ações. Com os parceiros certos e dialogando abertamente com as comunidades sobre a proteção da vida marinha no Rio de Janeiro, seguimos trabalhando para ver as águas do nosso Estado com as condições adequadas para permitir a sobrevivência destas espécimes e preservar a saúde da população. Todos ganham com isso!

Seguimos juntos!

Grande abraço,
André Corrêa

SIGA NOSSAS REDES SOCIAIS

  • Facebook

  • Twitter

  • Instagram

  • Youtube

  • Linkedin