Há um ano implementado na comunidade, projeto reúne sustentabilidade e oficinas de arte
RIO — Desde o mês passado, o projeto De Olho no Lixo, na Rocinha, passou a ter uma sede própria na localidade Roupa Suja, onde reúne sua cooperativa de reciclagem e oficinas diversas. Iniciativa da Secretaria de Estado do Ambiente, o projeto tem realizado a coleta sustentável de resíduos físicos na comunidade, com o objetivo de conscientizar os moradores sobre a importância de preservar o meio ambiente e dar destinação adequada ao lixo.
A sede também abriga a oficina Eco Moda e a escola de possibilidades musicais Funk Verde, programas responsáveis por transformar materiais descartados em acessórios de moda e instrumentos de música. O objetivo é integrar geração de renda, produção artística, comunicação e educação ambiental.
Já a cooperativa Rocinha Recicla vem incentivando moradores a separarem os resíduos produzidos em casa para que os agentes lhe deem um destino sustentável: o material vai para um galpão na sede do projeto, onde, após uma triagem, é prensado e armazenado até o momento da venda.
Oficinas promovem cultura
Ao lado da saída do Túnel Zuzu Angel, sobre 36 metros de telhas de alumínio, um painel grafitado pelo artista Carlos Esquivel, o ACME, retrata o trabalho dos agentes socioambientais do De Olho no Lixo e dos demais projetos desenvolvidos no local.
O designer Almir França, coordenador da Eco Moda, diz que a reciclagem tem aberto portas alternativas ao modelo atual de produção na indústria do ramo.
— Ensinamos moda a partir do reaproveitamento, para ressignificar o processo produtivo. As pessoas veem no projeto a possibilidade de entrar no mercado de trabalho por um meio que, além de acessível, gera retorno para a comunidade — afirma.
Além da confecção de instrumentos, o Funk Verde tem aulas de cavaco, violão, flauta e teclado. Regina Café, sua coordenadora, acredita que, independentemente de formar músicos profissionais, a iniciativa tem outras qualidades: propicia o contato dos jovens com a arte e contribui para disseminar a cultura pela comunidade.
— A educação cultural permite que os participantes se tornem pessoas melhores, evitando a exposição que muitas vezes acaba levando-os por outros caminhos — afirma Regina.
Fonte: Jornal O Globo - https://oglobo.globo.com/rio/bairros/projeto-de-olho-no-lixo-ganha-sede-...