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O renascimento da Mata Atlântica no Rio de Janeiro

O renascimento da Mata Atlântica no Rio de Janeiro

Amigos, vocês sabiam que a Mata Atlântica foi nomeada dessa forma por já ter acompanhado toda a extensão do litoral do Brasil? Se hoje pouco resta de sua vegetação nativa, a causa são 300 anos de incessantes desmatamentos ilegais.

Se por um lado temos uma situação preocupante, em que o desmatamento no Brasil não para de avançar, do outro temos um aumento da área verde de Mata Atlântica, com o Rio de Janeiro no destaque da recuperação desse bioma no país.

O trabalho tem sido incansável para virar a página e esse ano o Dia Nacional da Mata Atlântica, em 27 de maio, será diferente. Nosso Estado, que já foi campeão de desmatamento, hoje é referência em preservação e permanece próximo ao nível de desmatamento ilegal zero de Mata Atlântica, superando o fato de ter uma das maiores taxas de urbanização do país e de viver a maior crise econômica da sua história.

No mapeamento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificou-se que o Rio de Janeiro manteve um terço do território verde. Só na capital, a cobertura é de quase 35 mil hectares, o que equivale a 42 mil Maracanãs.

Além disso, houve regeneração de área de Mata Atlântica em 77 dos 92 municípios fluminenses, com destaque para Casimiro de Abreu, Itaperuna, Duas Barras, Rio de Janeiro e Vassouras. Apesar da regeneração natural, grande parte da recuperação ficou por conta da ação humana, como o plantio de mudas de espécies nativas.

Dados do estudo realizado pelo projeto MAP Biomas, divulgados em reportagem do Jornal Nacional sobre Mata Atlântica e desmatamento, mostraram que em 16 anos o Brasil ganhou em novas florestas praticamente o tamanho da Bélgica. O Rio de Janeiro ficou entre os estados com maior destaque de áreas reflorestadas (18%), seguido de São Paulo (13%) e Paraná (11%).

Nosso trabalho enquanto Secretaria do Ambiente é modificar a realidade ambiental do Estado e deixar um legado para as gerações futuras. A Mata Atlântica é um dos biomas mais importantes do mundo e abriga mananciais hídricos, tem fertilidade de solo, equilibra o clima e protege as encostas, sem falar da beleza natural que abriga mais de 20 mil espécies de plantas e um milhão e meio de espécies de animais, muitos deles ameaçados de extinção.

Aos poucos, toda essa biodiversidade é devolvida ao Rio de Janeiro por meio de ações realizadas em parceria com órgãos públicos e entidades civis organizadas, como:

·         Investimento em tecnologias de preservação e recuperação florestal

·         Ampliação das unidades de conservação

·         Revitalização de áreas degradadas

·         Operações de fiscalização e combate ao desmatamento

·         Repressão a infrações ambientais

No dia 02 de maio, por exemplo, foi publicado no Diário Oficial o decreto que cria os Monumentos Naturais da Serra da Beleza e da Serra dos Mascates. Tais unidades abrangem parte dos municípios de Barra do Piraí, Barra Mansa e Valença, e juntas somam mais de seis mil hectares de área protegida.

Trata-se de uma conquista que fortalece ainda mais o trabalho de ampliação das unidades de conservação, que inclui medidas como a revitalização dos parques, que contribui para gerar mais empregos e qualificação profissional, e a criação do Refúgio de Vida Silvestre do Médio Paraíba, situado às margens do rio Paraíba do Sul, principal fonte de abastecimento 85% da população do Estado.

Aliás, quanto à região do Médio Paraíba, temos também a realização do projeto Água do Rio das Flores. Chegamos ao plantio da muda número 50.000 e no dia 19 de maio faremos um evento para celebrar essa marca. Confira o vídeo onde conto mais sobre o projeto:

E vem mais uma nova unidade de conservação por aí! O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) tem promovido consultas públicas para criar o Refúgio da Vida Silvestre na Serra da Estrela, que terá cerca de cinco mil hectares e abrangerá parte dos municípios de Petrópolis, Magé e Duque de Caxias. Sua criação irá formar o corredor central de Mata Atlântica que unirá a Reserva Biológica Federal do Tinguá ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A última das três consultas públicas previstas acontece no dia 18 de maio, em Magé.

Grande parte do incentivo à ampliação das unidades de conservação nos municípios vem também pelo , programa de repasse de impostos para recompensar medidas ambientais que já chegou a duplicar a área protegida de Mata Atlântica. Para ter ideia, no primeiro ano de exercício o valor do repasse aos municípios fluminenses, apenas no critério “unidades de conservação”, alcançou dezessete milhões de reais.

O repasse ecológico também motivou proprietários de reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs) a trabalhar em parceria com as prefeituras para utilizar parte dos recursos do ICMS Verde para preservação das reservas. No Rio de Janeiro existem mais de 150 unidades do gênero e fica a cargo do Serviço de RPPNs, vinculado à Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do INEA, identificar áreas prioritárias para criação de mais reservas particulares no Estado.

Andrei Veiga, que coordena a gestão das RPPNs do Estado, conta que o próximo passo deste trabalho é capacitar os proprietários de terra e apoiá-los tecnicamente para que mais pessoas possam transformar suas propriedades em RPPNs.

“Vamos qualificar os proprietários para que sejam gestores da RPPN. A intenção é oferecer a mesma capacitação realizada com os gestores de unidades de conservação do INEA. Serão dadas orientações, por exemplo, sobre como estabelecer parcerias com pessoas que interagem com a unidade, como grupos de montanhismo e caminhada, para que ajudem na gestão do lugar. Essa orientação é importante para que a RPPN opere como uma unidade de conservação, assim como funciona com os parques, o que ajuda a gerar emprego e renda para a comunidade do entorno. Temos o plano também de oferecer apoio técnico para os proprietários que têm baixo investimento para criar a RPPN. Queremos fomentar ainda mais a geração dessas unidades”.

Mapa de Unidades de Conservação do RJ

 

 

 

 

 

Confira o mapa interativo das unidades de conservação fluminenses no meu site.

Nos Encontros dos Secretários de Meio Ambiente dos Estados da Mata Atlântica, realizados em 2015 e 2016, estabelecemos como principal desafio conjunto aumentar a cobertura florestal do país até 2018. E acredito que o Rio de Janeiro contribui bastante para atingirmos essa marca.

Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, destacou em recente entrevista o esforço para a regeneração da Mata Atlântica no Brasil:

“Muitas áreas precisam ser restauradas para garantir serviços ambientais como, por exemplo, água. Poder público, iniciativa privada, fontes de financiamento e proprietários de terras têm de se aliar nesse esforço. É uma agenda positiva para o país. Começa dentro de casa, no nosso bairro. Vocês do Rio de Janeiro são privilegiadíssimos. Em qualquer lugar está próximo de uma floresta, há riqueza de espécies animais, vegetais. Isso faz muita diferença”.

Na mira do desmatamento

Hoje o controle da cobertura verde do Rio de Janeiro é feito pelas imagens de satélite do Projeto De Olho No Verde, que permite identificar com precisão a área desmatada do nosso Estado. A captura realizada pelo sensor OLI, a bordo do satélite Landsat 8, é capaz de distinguir desmatamentos de até 300 metros quadrados.

Quase metade do nosso território é composto por pastagens, ou seja, grande parte dessa região foi desmatada para abrir espaço para a atividade agropecuária. Essa intervenção ao longo de tantos anos é uma das principais causas da degradação ambiental e nosso objetivo é reprimir esse tipo de infração.

O Rio de Janeiro está entre os estados que mais desmataram áreas verdes no país. Ao juntar as áreas degradadas nos municípios fluminenses, temos o equivalente à área do município de Nova Friburgo.

Mas, não podemos esquecer que o Brasil assumiu um compromisso no Acordo de Paris, em 2015, de restaurar 12 milhões de hectares de floresta até 2030. Além de integrar também um pacto pela regeneração da Mata Atlântica, cuja meta é ter 15 milhões de hectares restaurados até 2050.

O ambientalista Luiz Fernando Guida ressalta o papel do bioma na vida humana: “lembro do André Corrêa falar que não há como cuidar de arbustos sem levar em conta a floresta como um todo. E a Mata Atlântica tem todas as funções de um ecossistema complexo e indispensável. Daria para imaginar o Brasil sem tudo o que ela nos fornece? Cuidar do que resta é a chance de mantermos a qualidade ambiental que precisamos para uma vida digna. Melhorar a eficiência da fiscalização e aumentar as áreas de reflorestamento depende essencialmente do Estado e municípios, mas a consciência da população também determina o nível da conservação”.

Na mesma linha, Olga Martins Wehb, superintendente de Mudanças Climáticas da Secretaria do Ambiente, chama atenção para os problemas socioambientais gerados pela perda de vegetação.

"Manter as florestas de de Mata Atlântica é importante, pois equilibra e protege o ambiente contra as vulnerabilidades decorrentes do desequilíbrio climático, como aumento das tempestades de verão e grandes ressacas marítimas, evitando desastres socioambientais de maior grau de gravidade. Os problemas ambientais estão diretamente​ ​entrelaçados​ ​às​ ​questões​ ​sociais".

Por isso, queremos contar com a ajuda de todos para preservar a área verde do Rio de Janeiro. Quem quiser se envolver mais com a causa pode baixar gratuitamente nosso e-book Restauração da Mata Atlântica, produzido com muito carinho para informar e orientar àqueles que fizerem parte dessa mudança.

Seja um amigo da Mata Atlântica!

Grande abraço,

André Corrêa

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