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Queimada, uma prática de 12 mil anos que segue matando

Queimada, uma prática de 12 mil anos que segue matando

Amigas e amigos, você conhece alguém que ainda usa uma máquina de escrever? Ou assista filmes num VHS? Ou armazene seus arquivos em um disquete? Eu sou capaz de apostar que não. Dessas tecnologias ultrapassadas aí, a mais antiga é a máquina de escrever que foi inventada em 1714. Ou seja, há pouco mais de 300 anos. Então, falar que ainda usamos uma técnica de 12.000 anos soa improvável. Mas é verdade.

Queimadas - ainda importante - mas por outros motivos

Nós éramos nômades. Caçadores e extrativistas. A nossa organização social começou a se formar na Era Neolítica (10.000 A.C a 6.000 A.C), quando começamos a plantar e colher. Nos tornamos sedentários, ou seja, nos fixamos em um local. As aldeias, vilas e cidades começaram a aparecer. E conforme cresciam, mais áreas para a agricultura e pastagens se faziam necessárias. E a maneira de conseguir mais áreas era ateando fogo à vegetação nativa, às florestas.

120 séculos depois

Hoje, a queimada ainda é abusivamente utilizada. Principalmente pelos pequenos agricultores que não tem outros recursos para preparar a terra para a lavoura.

As consequências maléficas ao meio ambiente eu já tratei nesse blog.

E aí fica a reflexão: como podemos, como sociedade, ainda usar a queimada, mesmo sabendo de tudo de mal que ela nos faz?

A resposta é simples, mas a solução não é fácil

Enquanto tivermos milhares de famílias vivendo da agricultura familiar, de subsistência, competindo com os grandes agricultores, onde as economias de escala são gigantescas, não haverá solução e o fogo continuará a queimar o nosso meio ambiente.

A experiência recente que tive quando implantei o Programa Ambiente Solidário aponta o caminho: ao organizar os catadores em cooperativas, dar treinamento e recursos para a coleta seletiva e a comercialização dos recicláveis, transformamos seres humanos que eram vistos com desprezo (palavras deles) pela sociedade em agentes econômicos que desempenham um importante papel na sociedade e tiram disso o seu sustento digno.

Ou seja, se não fizermos o mesmo com as famílias do campo, não teremos chance de resolver o problema. Por mais que a Embrapa desenvolva técnicas e cultivos que não dependam de queimadas, por mais que o problema seja explicado ao homem do campo, por mais que se mostre que a longo prazo o problema vai se agravar, não há como competir com o estômago vazio.

Outra solução que já está sendo utilizada com sucesso é a remuneração do produtor rural por serviços prestados à preservação do meio ambiente. Esse conceito está no Projeto Conexão Mata Atlântica, implantado no Estado na minha gestão à frente da Secretaria de Ambiente e com importantes parceiros, onde os produtores recebem pela conservação e restauração florestal.

Isso tem como consequência o aprimoramento das técnicas de produção para que ele possa produzir mais em menos terra. Ganha o meio ambiente, a sociedade e o produtor rural.

Se você quiser conhecer mais sobre esse projeto, clique aqui!

Outros projetos, iniciados ainda na minha gestão à frente da Secretaria de Ambiente, tem esse mesmo foco. Em vez de punir, coagir ou obrigar o produtor rural a ideia é trazê-los para “o lado bom da força”, mostrar a importância da preservação para eles e para a sociedade e trazer benefícios mais diretos e imediatos pelo seu esforço.

Os Projeto Água do Rio das Flores e Águas de Barra Mansa que tratam do reflorestamento de áreas ribeirinhas, são dois exemplos de ações com essa maneira de pensar.

Precisamos, Prefeitura, Estado e Governo Federal, produtores rurais de qualquer tamanho e parceiros a tratar desse assunto com mais seriedade, com mais empenho.

Precisamos colocar a queimada no mesmo lugar que está a máquina de escrever, o VHS e os disquetes.

No passado!

Um abraço, André Corrêa.

TELEFONES ÚTEIS:

Linha Verde (para o Combate aos Crimes Ambientais) - 2253 1177 ou 0300 253 1177 (interior do RJ)

Corpo de Bombeiros – 193

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